sábado, 24 de janeiro de 2015

ANIVERSÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO



A Cidade de São Paulo - Capital,
a grande Cidade de São Paulo sempre hospitaleira, a que recebe imigrantes e migrantes de braços abertos, deve ser muito amada e muito respeitada.

VOCÊ TEVE A OPORTUNIDADE DE ANDAR DE BONDE PELA CIDADE DE SÃO PAULO? 

 
 Foto: autor não identificado
Bonde aberto trafegando pela rua do Tesouro, centro da Capital


Oh! Privilegiados 
e Ilustres passageiros!

Na antiga Cidade de São Paulo,
uma cidade sossegada, de ar europeu, com a presença da maioria de imigrantes, de várias nacionalidades, como os portugueses, italianos, espanhóis, japoneses, libaneses, alemães, e os de outras, que especialmente para a Cidade de São Paulo e espalhando-se pelo Brasil, país pacífico (sem guerra), de clima tropical, vieram para trabalhar nas fábricas e dado também saber que tinham terras boas para plantar, criar gado, comercializar entre outras atividades se cruzavam com os paulistas e paulistanos quatrocentões nas ruas, no comércio, nos bondes, etc.

Quem teve a oportunidade de andar de bonde no coração da cidade, por onde ele transitava, passando pelas imediações da antiga Praça da Sé, Praça Clóvis Bevilácqua, Praça João Mendes, Largo do Tesouro, Páteo do Colégio, Largo de São Bento, Largo do Carmo, Viaduto do Chá, Avenida Paulista e os vários bairros para onde ele se dirigia, conheceu a cidade, a era dos bondes: 1ª tração animal, 2ª a vapor, 3ª elétrico e guardam grandes recordações.

Eu, Noemia e minha amiga Suely, particularmente, junto com nossas famílias, ainda pequenas, usufruímos por pouco espaço de tempo em que o bonde elétrico existiu e tínhamos quase sempre um objetivo, IR FAZER COMPRAS NA LOJA PIRANI, no bairro do Brás.

E, pelo caminho, nós, nos divertíamos, vendo o movimento das ruas, o som dos sinos dos bondes nas paradas, e mesmo nos bondes vendo as propagandas, anúncios com as suas escritas da época, os "reclames", como assim diziam, famosos e alusivos: com foto de moça bonita à Pomada Minancora "Reserve em seu lar para  MINANCORA um lugar", para feridas, eczemas, inflamações..., BIOTONICO FONTOURA, com foto de avó, mãe e filha "Beneficiando 3 Gerações, o mais completo fortificante...", de Cremes Dentais como o Gessy e o Kolynos e os de Sabonetes Gessy e Palmolive sempre com fotos de moças bonitas, e outro reclame muito famoso, com foto de um homem sentado ao lado da moça bonita que dizia: "Veja, ilustre passageiro, o belo tipo faceiro, que o senhor tem ao seu lado, mas no entanto acredite, quase morreu de bronquite, salvou-o o Rhum Creosotado".

Eu, do percurso do Centro, da Praça da Sé ou da continuação da antiga Rua do Carmo, hoje, Rua Roberto Simonsen, na parada, onde ele fazia o balão, nele adentrávamos e lá íamos nós em sentido ao bairro do Brás.

O bonde saindo então, dessa ex-Rua do Carmo, descia pela Avenida Rangel Pestana, passava em frente ao Colégio com a Igreja do Carmo, no nº 230, hoje, só existe a pequena Igreja do Carmo, ao lado do prédio da Secretaria da Fazenda, no nº 300 (construída na década de 1950) e seguia sentido à Avenida Celso Garcia, onde ficava a loja Pirani, no bairro do Brás.

Já, a minha amiga, Suely, fazia outro percurso, vindo da Vila Maria, o bonde transitava pela Rua Marcos Arruda, sentido Centro e na volta transitava pela Rua Catumbi, ou também do Centro para o bairro do Belenzinho.

A LOJA PIRANI, na época, famosa loja de departamentos, era referência de moda para homens e mulheres.

Só haviam homens e mulheres bem vestidos, prevalecia o costume europeu.

Os homens de ternos de tecidos nobres, como o de linho ou casimira inglesa, bem passados, usavam camisas brancas, gravatas e suspensórios, sapatos sociais, limpos, engraxados e brilhando e na cabeça ostentando chapéus, os de preferência panamá. 

As mulheres vaidosas, usavam vestidos longos de corte esporte e saias longas e blusas de cortes comportados, calçavam meias de seda fina, chapéus dos mais diversos modelos chics e no pescoço, nas orelhas, nos braços e nos dedos ostentavam ouro, jóias caríssimas, de designers de muito bom gosto. 

As crianças, os meninos, usavam calça curta com suspensório e geralmente camisas brancas e calçavam botinas, meias brancas e cabelos assentados com gumex e as meninas, usavam vestidos de tecidos finos rodados com laço na cintura, usavam sapatos estilo boneca com meias brancas e cabelos presos feito rabo de cavalo, tendo como adorno laço de fita de organza.
BONS TEMPOS. ERA SÓ ALEGRIA!

Noemia Arabe

UMA VOLTA AO PASSADO
FLASHES DA ERA DOS BONDES

1865
PEQUENO HISTÓRICO
A grande concentração populacional que eram as famílias de posse, residiam nas imediações das ruas Direita, do Rosário (hoje, Praça Antonio Prado), XV de Novembro e São Bento.

Poucos bairros como o Brás, Santo Amaro e Penha estavam sendo povoados e para chegar até eles se fazia necessário alugar um carro de boi.

  Antiga Praça da Sé com carros de boi para aluguel

TRANSPORTE PÚBLICO TABELADO
Devido não haver tabela, o italiano, Donato Severino, instituiu uma, publicando-a em jornal, especificando valor por hora ou para locais conhecidos.

1ª ERA - BONDE TRAÇÃO ANIMAL
PRIMEIRA FORMA DE TRANSPORTE PÚBLICO

Foto: autor não identificado
Bonde de tração animal

Na Cidade de São Paulo-Capital,
com 31 mil habitantes e sendo a nona capital brasileira em número de habitantes,
em 12 de outubro de 1872, começa a funcionar a primeira linha de bonde de tração animal (burros que puxavam bondes sobre trilhos de ferro) que partia do Largo do Carmo indo até a Estação de São Paulo Railway ou Estação da Luz.

A empresa responsável era a Companhia Carris de Ferro de São Paulo e seus escritórios localizavam-se no Largo do Rosário (atual Praça Antonio Prado), de onde partiam diversas linhas, para os bairros: Belenzinho, Vila Buarque, Barra Funda, para a Rua Aurora, Rua do Lavapés, Liberdade, chegando até à Rua São Joaquim, local onde os passageiros embarcavam no trem com destino ao Bairro de Santo Amaro.

E, dependendo da distância menor ou maior, havia lugares de paradas obrigatórias, chamados "mudas" para troca dos  burros cansados por burros descansados.






Avenida Paulista em 1891  
Foto: Acervo Fundação Energia e Saneamento
 
Ainda em 1891, os bondes de tração animal chegam à Avenida Paulista, a qual é inaugurada no dia 8 de dezembro, desse mesmo ano. 

E, há a unificação de todas as companhias de bonde das linhas centrais, passando a existir a nova, a Cia Viação Paulista.

Em 1887, existiam sete linhas com 25 quilômetros de trilhos, 319 animais e 43 carros, que transportavam 1,5 milhão de passageiros por ano.


Bonde movido a burros (TRAÇÃO ANIMAL) 
na Rua 15 de Novembro, em 1895
Foto: sao-paulo.estadao.com.br/blogs/blog-da-garoa/493/Pablo Pereira

2ª ERA - BONDE MOVIDO A VAPOR
SEGUNDA FORMA DE TRANSPORTE PÚBLICO
Em 18 de janeiro de 1885, começa a funcionar o primeiro trecho da linha de bonde a vapor da, também, Companhia Carris de Ferro de São Paulo, da Rua São Joaquim até a Vila Mariana e após da Rua São Joaquim até a Vila de Santo Amaro e a viagem era feita em 1h e 20 min.

Em 1900, por leilão a Cia Viação Paulista é incorporada a "The São Paulo Tramway Light and Power Com".

E, as duas Formas de Transporte Público, a de Tração Animal e a Movida a Vapor, nesse ano de 1900, entram em decadência e em 1907 são extintas.  

3ª ERA - BONDES ELÉTRICOS
TERCEIRA FORMA DE TRANSPORTE PÚBLICO

Light (1900-1947) 
CMTC (1947-1968)


A Cidade de São Paulo, foi a quarta cidade do país a ter bonde elétrico, atrás do Rio de Janeiro (1892), São Salvador (1897) e Manaus (1899).

Versátil, o bonde elétrico, o de luxo, com cortinas, era o de aluguel para realização de casamentos, batizados, festas e eventos, os mais diversos.


Inauguração do primeiro bonde elétrico em 1900 - 
Alameda Barão de Limeira


1ª LINHA DE BONDE
A Cidade de São Paulo com sua população de 240 mil habitantes,
em 7 de maio de 1900, assiste a inauguração da primeira linha de bonde elétrico da Cia Light and Power, ligando o Largo São Bento à Alameda Barão de Limeira, na Barra Funda, passando pelo bairro de Campos Elísios.

A frota era composta por 15 bondes elétricos, cada um, medindo 9,43 metros de comprimento com 2,40 de largura e com capacidade para 45 passageiros sentados.

Existiram bondes abertos uns com 4 rodas, outros, maiores, com 8 rodas.

Em 1927, veio o  1º Camarão, de 8 rodas, assim chamado, por causa da sua cor vermelha, era fechado, diziam ser desconfortável, o 2º, Camarão, veio anos depois, importado de Nova York, o Centex, era bonito, confortável e silencioso.

2ª LINHA DE BONDE
Já no dia 13 de maio de 1900, começa a funcionar a segunda linha de bonde elétrico, com percurso do Largo São Bento até o Bom Retiro, com intervalo de saida de 10 em 10 minutos.
Com  o estabelecido, dias depois, do pedido de autorização da Light à Prefeitura, para poder reservar os três primeiros assentos para passageiros não fumantes.

3ª LINHA DE BONDE
No dia 31 de dezembro de 1900, começa a funcionar a terceira linha de bonde elétrico, essa, para o Bairro do Brás.

Em maio de 1907, houve a decadência da Empresa de Bondes Sant'Ana, circulando o último bonde de tração animal, que ligava Ponte Pequena ao Alto de Sant'Ana, devido revolta popular, ao mal serviço prestado, e o seu patrimônio também passa a pertencer a Light - "The São Paulo Tramway Light and Power Com."

4ª LINHA DE BONDE
Em 1913 começa a operar a linha Praça da Sé ao Bairro de Santo Amaro e o percurso era feito em 45 minutos.

Ainda em 1947 os bondes ainda levavam vantagem em transportar 65% da população, enquanto 35% ficavam para os ônibus.

No entanto, em 1946, o prefeito Abrahão Ribeiro, através do decreto Lei nº 365 de 10 de outubro, determinara a constituição da CMTC-Companhia Municipal de Transportes Coletivos para prestar o serviço de transporte coletivo de ônibus por 30 anos.

Dessa forma, a CMTC, também, recebeu, o patrimônio da Light relativo ao transporte coletivo de ônibus e asumiu a frota de todas as 37 empresas particulares e de suas 90 linhas municipais.

A CMTC para suprir a falta de tecnologia no setor, em suas oficinas, com peças nacionais e com custo três vezes inferior ao das peças importadas, chegou a construir um bonde fechado em 75 dias.

No ano de 1948 existiam 438 bondes.

Em 1968, no dia 28 de março, foi definitivamente extinto os serviços de bonde.

A última viagem foi feita pela linha 101 - Santo Amaro.

 Bondes elétricos 1968

1968
Foto: tropaeolummajus.blogspot.com.br

Na cerimônia de despedida, com a participação do prefeito Faria Lima e do governador Abreu Sodré e da maciça presença do povo, o comboio de doze bondes, todos lotados deixaram o Instituto Biológico, na Vila Mariana, até o Largo Treze de Maio em Santo Amaro. 

Foto: Acervo Fundação Energia e Saneamento
Trilhos de bonde no cruzamento 
das Ruas Direita e São Bento, em 1902

Bonde na velha Praça da Sé, na primeira década do século XX
Foto: www.estacoesferroviarias.com.br

 Foto: Acervo Depto. de Patrimônio Histórico da Eletropaulo


Foto: Acervo Depto. de Patrimônio Histórico da Eletropaulo



Foto: autor não identificado
De luxo, com cortinas, pertencente à S.Paulo Trams Light & Power (SPTL&P), foi batizado com o nome 'Ypiranga' e abençoado pelo Cardeal Arco Verde em 1906. Era alugado para eventos especiais, como casamentos, formaturas, festas ou batizados.


Bonde Vila Mariana, na Praça da Sé, em 1935
Foto: www.estacoesferroviarias.com.br

 
Bonde aberto lotado na mesma praça da Sé, mas em 1937
Foto: www.estacoesferroviarias.com.br





Bonde camarão no centro de São  Paulo
Foto:www.estacoesferroviarias.com.br





Bonde da linha Praça João Mendes - Santo Amaro, 1958
Foto: tropaeolummajus.blogspot.com.br



Bonde da CMTC, na parada, na Av. São João, próximo ao Largo do Paissandu, em 1963
Foto: www.respirasaopaulo.com.br



Noemia Arabe